Bosch deslocaliza para Portugal

16 Nov, 2015
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Grupo alemão passa a ter quatro unidades de negócio no país e traz para Ovar projeto de componentes eletrónicos que estava na Malásia. Aveiro vai responder por aplicações que eram feitas na Índia.

 

Bosch Sistemas de Segurança, em Ovar, conquistou para Portugal um novo projeto da divisão de Ferramentas Elétricas do grupo alemão, até agora a decorrer na Malásia. No imediato, esta vitória da equipa de Ovar significa o alargamento da área industrial em seis mil metros quadrados, um investimento de €3 milhões e o reforço de 10% no número de trabalhadores, atualmente fixado em 400 pessoas.

Na estratégia do grupo, a deslocalização representa um reforço da aposta da multinacional em Portugal, onde tinha três das suas 16 divisões de negócio a operar em Braga (Bosch Car Multimedia), Aveiro (Bosch Termotecnologia) e Ovar, que passa, agora, a combinar o trabalho na área dos sistemas de segurança com as Ferramentas Elétricas.

A primeira conquista de Ovar será a produção de componentes eletrónicos para um robô corta-relva popular na Europa pelo seu sistema de navegação inteligente, o Indego S., que deverá traduzir-se num total de 50 mil unidades/ano e numa receita adicional de 5% no volume de vendas da empresa já em 2016.

“A produção para Ferramentas Elétricas resulta do bom trabalho feito no sentido de desenvolver competências da nossa equipa e mostrar fiabilidade, qualidade e flexibilidade às diferentes áreas de negócio. Queremos continuar a crescer e isso vai passar pela diversificação do nosso portefólio de produtos”, refere José Reis, administrador da Bosch de Ovar, com uma faturação de €80 milhões em 2014 e a previsão de um crescimento de 15% nas suas vendas em 2016.

A única fábrica de videovigilância da Península Ibérica, responsável por 10% das vendas totais da Bosch Portugal (€811 milhões em 2014), tem vindo a apostar na diversificação do portefólio para crescer. São os casos da produção da primeira câmara de videovigilância com visibilidade de 360 graus e áudio, um produto pioneiro no mercado, do trabalho de parceria entre as equipas de Ovar e Eindhoven para o lançamento de uma nova câmara, da aposta em novas competências, designadamente a produção de componentes e eletrónicos para caldeiras e eletrodomésticos, da área limpa, dedicada ao controlo ótico minucioso, ou dos mostradores para equipamentos de termotecnologia.

No passado recente, Ovar já tinha conquistado a produção de câmaras de videovigilância para autoestradas da Europa e Estados Unidos que estavam a ser feitas na China, devido às garantias oferecidas na qualidade do produto e nos prazos de entrega, e, também, de blocos óticos que o grupo estava a fazer num fornecedor asiático, reduzindo, assim, os elevados níveis de rejeição do produto de forma a permitir a redução dos custos de produção.

Em paralelo, a unidade de Aveiro, centro mundial de Investigação e Desenvolvimento (I&D) do grupo para soluções de água quente, recebeu novos projetos, como o desenvolvimento de aplicações para telemóveis relativas a produtos de outras unidades de negócio da Bosch que estavam a ser feitas na Índia. Uma delas refere-se à nova geração de esquentadores termoestáticos compactos, com design inovador e tecnologia de conectividade e uma aplicação que permite o seu controlo remoto através de smartphone ou tablet.

Com um investimento médio anual de €20 milhões em Portugal, a Bosch tem já orçamentados €78 milhões para aplicar no país até 2020, €50 milhões dos quais a realizar até ao fim de 2016 em Braga, e €25 milhões num centro de I&D para casas inteligentes em Aveiro. Só em Braga, onde está a trabalhar com tecnologia multimédia de ponta para clientes como o i8 da BMW, mas também para a Audi, Daimler, Jaguar, Land Rover, Volvo, VW, entre outras marcas automóveis, a Bosch terá mais mil trabalhadores no final de 2017, um aumento de 50% face ao número atual.

No processo de expansão do grupo em Portugal, a contratação de 250 engenheiros nas fábricas de Braga e Ovar, prevista para 2017, deverá ser cumprida já no próximo ano e a previsão oficial aponta para um crescimento de 60% nas vendas das unidades lusas da multinacional até 2017, para os €1,3 mil milhões.

 

O motor dos números

15% é o crescimento esperado em 2016 para as vendas da fábrica de Ovar. Em 2014, faturou €80 milhões, o equivalente a 10% do volume de negócios das unidades do grupo em Portugal.

78 milhões de euros é o valor dos investimentos do grupo já anunciados para Portugal até 2020, entre Braga (€50 milhões), Aveiro (€25 milhões) e Ovar (€3 milhões).

(Fonte: http://expresso.sapo.pt)

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